segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pedro Almodóvar e o Cinema de Cores

Recentemente estive pensando sobre meus diretores favoritos, e consequentemente uma lista de mestres se formou na minha cabeça. Entre brasileiros, americanos e europeus resolvi escrever um pouco de alguns deles. O primeiro que escolhi é o espanhol Pedro Almodóvar, que possui quatro filmes na minha lista de favoritos. São eles: " Mala Educación", " La piel que habito", " Volver" e "Abrazos Rotos". 

 Pedro Almodóvar Caballero nasceu em 24 de setembro de 1949 ( ou 1951 ) na cidade de Calzada de Calatrava, Espanha.

Teve uma educação católica, mas que de certa forma o incitou a perder a fé em Deus. Desde criança já adorava cinema, e aos 16 resolveu ir para Madrid tentar a vida. Sem dinheiro e sozinho, seu sonho era fazer  e estudar cinema. Nessa época, a capital espanhola era um berço de cultura, arte e liberdade para qualquer provinciano.



Seu primeiro período em Madrid foi crucial para sua formação como diretor no futuro. Almodóvar trabalhou na Cia de Telefonia Nacional, e foi lá que conheceu os dramas da classe média espanhola em ascensão, que seria trama de suas obras futuras.  Com este trabalho, o jovem espanhol juntou dinheiro para comprar sua primeira câmera, uma Super-8, e a partir daí começou a gravar e escrever roteiros. Também publicou diversos textos em revistas alternativas em plena ditadura espanhola.

Foi só no inicio da década de 80 que lançou seu primeiro longa,  "Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón". A partir de então, Pedro Almodóvar se jogava completamente em cada trabalho, escrevendo, dirigindo, produzindo ou filmando. Seguiram-se outros sucesso como, "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" (1988), que foi indicado ao oscar de melhor filme estrangeiro.




Almodóvar se consagrou completamente como um dos mais promissores diretores da atualidade em 1999 quando foi indicado e ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro com " Tudo sobre minha mãe", além de indicações em vário prêmios.

Almodóvar e suas peculiaridades

Uma das características de Almodóvar é recorrer a alguns atores fetiche. É dizer que são artistas com quem o diretor trabalha com frequência. Um exemplo é a espanhola Carmen Moura, que trabalhou nos primeiros longas da carreira de Almodóvar, mas na década de 90 houve um rompimento da amizade depois de anos de parceria. Em 2006, a atriz voltou a trabalhar com o diretor em "Volver", porém não há indícios de que a amizade retornou.

Outra atriz espanhola que com frequência trabalha com Almodóvar é Penelope Cruz. A atriz sempre admirou o trabalho do diretor, e no inicio de sua carreira fez testes para o elenco de algumas produções do espanhol. Porém, foi só em " Carne Trêmula" ( 1997 ) que a parceria começou, e se repetiu em mais três produções.



Antonio Banderas deve a Almodóvar sua fama internacional, pois foi à partir do diretor que se tornou conhecido no exterior. Banderas trabalhou em diversas películas com Pedro, e é um dos seus atores preferidos.

Cinema Noir e o folhetim espanhol

Os filmes Noir ( pronúncia no-ar - francês - preto) são caracterizados em um primeiro momento como filmes policiais, derivados dos suspenses e filmes de terror da década de 1930 e atrelados historicamente à Grande Depressão. Com raízes cinematográficas no expressionismo alemão, eram gravados geralmente em preto e branco e seus personagens misteriosos, eram descritos em um ambiente sombrio.

"Mala Educación" possui várias características noir


Almodóvar incorpora muitas características dos films noir em suas obras. Um assassinato, personagens misteriosos e o suspense policial envolvendo a trama são continuamente utilizados pelo diretor.

Cores

As cores nas produções de Almodóvar exercem um papel crucial.  O diretor utiliza-se de cores fortes ( também chamadas de chilones ), e com elas expressa os sentimentos de seus personagens.



As paixões, as crenças, os medos e as aflições, são expressas nas roupas, nas paredes e na natureza vivaz que compõe o cenários das obras de Almodóvar.

Vermelho, azul, mostarda, laranja e verde fundem-se na desordem de manifestações geométricas, inspiradas nos quadros de Mondrian e Gatti. 





As mulheres almodovianas são facilmente entrelaçadas pela força das cores que as compõe e transmitem suas ações nos objetos em cena. O passado e características do diretor ( como o fato de ser homossexual ) chegam até as telonas por meio de referências e contextos que os roteiros de Almodóvar nos permite interpretar.

Eu só vi quatro filmes de Almodóvar, e me já me apaixonei pela obra do espanhol. Se você ainda não conhece, procure conhecê-lo, e quem sabe consiga identificar um pouco das características que envolvem os folhetins desse diretor-artista que diz muito aos bons observadores.



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