sábado, 4 de agosto de 2012

A Dança da Morte - Stephen King

Alguns livros tem o dom de surpeender o leitor e quando eu digo surpresa, pode ser tanto positivamente quanto negativamente. O Caso do épico " A Dança da Morte" surpreende muito. Falo isso, pois foi o último livro que li, e resolvi escrever um pouco sobre as minhas percepções como leitor e fã do autor . Mas não pense que só porque sou fã de King iria ler de forma a encontrar apenas pontos positivos. Nos últimos 3 anos, os melhores livros de cada ano tem sido de outros autores, e houve alguns livros do americano que não me agradaram, como " Buick 8" e " Os olhos do Dragão". 

Acredito que " A Dança da Morte" tem seus pontos altos e baixos como qualquer outro livro, porém a narrativa e a maneira como os fatos são apresentados te deixam de tal forma, que é muito fácil ler 100 páginas em um dia. Antes de continuar com um pouco das minhas ideias sobre a leitura, vou lhes apresentar o livro. Caso algum leitor de King tenha percepções diferentes ou simplesmente discorde do meu ponto de vista, utilize os comentários para debatermos. Acho imprescindível este tipo de contato, e lembrando que meu review é simplesmente de leitor e nada profissional, pois não sou.

Versão Extendida com 944 págnas.
A HISTÓRIA

' A Dança da Morte' ou em inglês " The Stand" é um livro do americano Stephen King. Existem duas versões no Brasil, sendo que a primeira com 860 páginas e a versão extendida com 944 páginas. Quem lança os livros atualmente no Brasil é a editora Objetiva. A diferença é que na segunda edição, com maior número de páginas, é possível encontrar novos personagens e mais desdobramentos da história. O livro é divido em 3 partes de forma cronológica. Cada uma das partes representa uma etapa da história. As três partes são: " Capitão Viajante", " Na Frontera" e " O Confronto".

A história inicia-se apresentando os personagens, todos em meio a supergripe. A Gripe A, ou conhecida como "Gripe Suína" se alastra pelo mundos. De alguma forma o mundo em poucas semanas praticamente acaba e a cada dia mais e mais pessoas morrem. Algumas pessoas ficam imunes a supergripe, e todas elas começam a ter sonhos parecidos. A divisão da população que não morreu, se divide em dois. Aqueles que vão para a casa de " Mãe Abagail", uma especie de representante de Deus em meio ao fim do mundo, e ao Flagg, o representante do mau na Terra.

" Na Fronteira" resume o restabelecimento da sociedade dos sobreviventes em Boulder  ( Colorado ) e em Las Vegas. Eles se dividem entre aqueles que tinham os sonhos mais fortes com Abagail, que ficam em Boulder, e os seguidores de Flagg que renovam a sociedade em Las Vegas . A posição de ambas as cidades uma em relação à outra, separadas quase que apenas pelas " Rochosas" denuncia a condição de antagonismo que seus respectivos líderes já previam.

Em um mundo em que existem duas sociedades, e elas tem o conhecimento uma da outra, o antagonismo faz do med uma necessidade para cada personagem. Cada um é apresentado por meio de sua personalidade e ações, e " O Confronto" se torna imintene, e essa coexistência de duas sociedades acaba sendo sufocante, especialmente para os habitantes de Boulder que também sonharam com o homem escuro, como Flagg é chamado.





Uma gripe extermina 99% da população mundial


O enredo da história se baseia em apresentar a visão de alguns dos protagonistas. É possível conhecer o fato por óticas diferentes. Geralmente, cada capítulo apresenta o desenrolar dos acontecimentos mesmo que seja em formas diferentes. Os protagonistas partem do Texas, Nova Iorque, Maine, Colorado e etc, e essa divisão e a maneira como King descreve os detalhes e pensaentos, além das diferentes personalidades ds personagens fazem da história de " A Dança da Morte" diferente. Quando você inicia o livro, você pensa " Mas um livro sobre o fim do mundo", mas não é isso, não apenas isso, afinal o mundo não acaba. Na verdade é um recomeço, assim como já havia ocorrido antes com Noé. Boa parte da humanidade se vai, porém alguns ainda têm uma segunda chance. Por que eles foram os escolhidos? O livro não responde essa pergunta, porém isso não é ruim, já que a personalidade diferente e a história de cada um chama atenção.

Já se pegou perguntando no que faria caso 99% da humanidade se fosse, e o mundo como você conheceu já não existisse mais? E para " melhorar" as coisas, todos exterminados por uma gripe? Este vírus que assola toda a humanidade tem possibilidade de mutação, e a cada novo resfriado a gripe já está modificada, já que nosso corpo produz os anticorpos para que fiquemos bem. A Gripe A, ou suína como relatada no livro, diferencia das outras, pois o corpo não consegue produzir os anticorpos necessários, já que ela está em constante mutação. Essa gripe, produzida em laboratório, extermina o mundo na sua quase totalidade em menos de 2 semanas, mas algumas pessoas de alguma forma, são imunes a elas. King escreveu isso em 1979, mas se lermos os jornais de 2004/2005, poderemos ver que já ocorreu um surto da gripe suína com características parecidas. O fato importante é que, a maneira como o mundo acaba na história, é palpável a nossos olhos, portanto é mais real do que um meteoro cair ao nosso lado, pois quem já não teve gripe?

O Vilão Randon Flagg pode se transformar em corvos e lobos para poder vigiar os seguidores de Mãe Abagail


Outro fator que destaco do livro é a necessidade do ser humano viver em grupo. Me perdoem os spollers, porém a narrativa nos demonstra que mesmo que separados por milhares de quilometros, as pessoas que sobreviveram se juntam em 2 comunidades, após terem sonhos que as guiam. É um livro de ficção certo, mas diferente dos anteriores do King, pois o sobrenatural e a " realidade" vivem juntas. Enquanto a morte e a forma como ela se  dá na primeira parte da história é mais " comum", os sobreviventes tem os mesmos sonhos e esses sonhos de alguma forma os conduzem para a criação destas duas comunidades, uma em Boulder, liderada por uma velha de 108 anos, escolhida por Deus, e outra em Vegas, liderada por Randon Flagg. Os fatores que ligam tudo a Flagg e mãe Abagail é um grande mistério.

Essa divisão, nada mais é do que o bem o mal. E a partir desses fatores a história vai se transformando em um mosaico de terror, suspense, ficção, e aventura. As tramas se constroem e você fica ansioso por saber o próximo passo dos habitantes de Boulder ou os seguidores de Flagg. O que também destaco é a maneira como o escritor lida com a religião no livro. A religião é um fator importante, na verdade não é bem a religião, e sim as crenças. Muitos dos personagens não creem no Deus de Mãe Abagail, porém mesmo assim acreditam que ela é a guiadora deles. A divisão entre o bem e o mal deixa bem a amostra esse lado da história, é outro ponto que devo destacar.

Por último vou destacar a criação dos personagens, poxa, foram muito caprichados. Cada um tem sua história, e é quase impossível não se apegar a eles. Cada um tem sua maneira de ver o fim do mundo e o rumo dos fatos, e durante a leitura você fica ansioso por saber o que eles estão fazendo. É quase impossível parar de ler, e as 944 páginas não é um obstáculo para a história , pois foram muito bem escritas e amarradas. O que deixo agora é a dica de leitura deste épico, e com certeza se supreenderão com essa narrativa espetacular.

Las Vegas é o centro da turma do "mal"


Para quem se interessar, em 1994 foi produzida uma mini-série baseada na história com 4 capítulos, e segundo rumores, está em processo de conclusão um projeto para um remake da série. Também vale a pena curtir. Vejam o trailler.


Segundo o que foi noticiado, a nova adaptação de " A Dança da Morte" terá um filme e um seriado, e será dirigido por Ben Afleck.


CURIOSIDADES DA OBRA:

- Inspirado no caso do seqüestro de Patty Hearst.

- Inspirado no livro “Earth Abides” de George R. Stewart, que conta a odisséia dos últimos sobreviventes da humanidade após uma devastação que dizimou a maior parte da população por causa de uma praga.

- Planejado como um épico americano à lá Senhor dos Anéis

- Foi confirmado que o cantor Larry Underwood tem algum parentesco com Jean Underwood, professora assassinada por seu aluno Charles Decker, no livro “Fúria”.

- No capítulo 36, há a seguinte citação “…Fran tinha pegado o livro (apesar dos fracos protestos dele) e lera para Gus quatro capítulos de um faroeste daquela mulher que vivia no norte, em Haven”. Esta é uma clara menção à Roberta “Bobbi” Anderson, a protagonista do livro “Os Estranhos”.

FONTE: http://www.kingofmaine.com.br/obras/novelas/a-danca-da-morte/



8 comentários:

  1. HAHAHAHA,já fiz meu trabalho de corretor ortográfico por hoje. ;P
    Aliás, é bom você me arrumar esse livro pra ler, ninguém mandou ficar fazendo vontade com esses textos. uú

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  2. Ahaha, Obrigado pela ajuda com o texto. Não sou muito fã de revisar. Quando quiser, eé só pedir que empresto. ;D

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  3. Muito bom Mr. Black.
    Obs.: Mesmo que esse vírus me contaminasse eu não seria dizimado, pois já resisti firme à gripe A (kkkk). O que mata mesmo é o Tamiflu (rsrs). Nada a ver com terror, mas me recordei de um filme que vi sobre epidemia e se chama Contágio (Contagion, 2011). Assista quando puder. ;D

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  4. Já vi este filme Júlio. Hey, divulgue pro seu amigo Wilson, ele deve uma seguida no meu blog.
    Eu acho que também sobreviveria, já que dificil eu ficar gripado. Mas quem poderá saber?
    OBRIGADO por ler.

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  5. A Dança da Morte não foi dos primeiros livros do king que li. Antigamente quem editava os livros dele era a Francisco Alves, que nem sei se existe mais. Por muitos anos os fãs brasileiros do escritor passavam apertado na mão dessa editora. Eles publicavam uma merreca de exemplares. Lembro que demorei para comprar a Maldição do Cigano e ela desapareceu do mercado. Bom lembrar que, naquela época, ainda não existia uma Internet (mãe de todas as bençãos e, por que não, maldições que grassam no mundo) de acesso fácil como hoje. De modo que não poderia contar com algum leitor insatisfeito no país que me pudesse ceder um exemplar indesejado a preço módico. Sem falar que, onde morava, não havia e não há sebos. A Francisco Alves era de uma porquice tão grande que se eu te contar você não vai acreditar. As capas dos livros eram esquisitinhas, havia no texto erros gramaticais cujo número extrapolava o aceitável (se é que existe um número aceitável de erros gramaticais para livros), páginas faltando ou repetidas, trechos fora do lugar que transformavam a leitura num quebra-cabeças. Ou numa dor de cabeça, como preferir. Aliás, falando de edições, acho que a Objetiva começou muito bem editando de forma caprichada os livros de king, depois me decepcionou bastante quando começou a fazer esse tipo "edição em série" com capas mais ou menos parecidas, suponho que para baratear os custos. Lembro que o primeiro dela que comprei foi Rose Madden, livro bem bonito, que me seria furtado anos depois. Enfim, foi numa dessas edições porcas que encontrei a Dança da Morte, numa biblioteca. A questão é que eu já li tanto king que acabei pegando aquelas peculiaridades do autor: de linguagem, de temas, diálogos, composições de cenas, personagens, etc. Não que outros autores não tenham suas peculiaridades que se tornam repetitivas. Houve uma época em que eu li tanto Jorge Amado que até podia sentir o cheiro da comida baiana se desprendendo das páginas, então era necessário partir para um autor completamente diferente, afim de não me causar exaustão. Digo isso, porque, às vezes, ao invés de tornar a leitura prazerosa, essa atitude pode comprometê-la. Não é chato quando algum crítico deslinda uma obra, fria e implacavelmente, que fica parecendo que a deixou sobre uma mesa de laboratório, dissecada e sem nenhuma graça? É mais ou menos isso. Pois é, li tanto king e outros livros de terror também, que posso ter comprometido a leitura. Concordo com tudo o que disse, só gostaria de fazer duas observações, a primeira sobre a questão do livro ser surpreendente. Um grupo de pessoas que se reúne para combater um mal é um mote que já vi repetido em Desespero (começou tirando meu fôlego mas, na metade, já presumi o que aconteceria), It, Needfull Things e por aí vai, sendo que estes, curiosamente posteriores a Dança da Morte (não tenho certeza), me surpreederam mais. E sobre o tamanho do livro também. Se King já foi acusado de “escrever demais”, a Dança da Morte é um belo exemplo disso. Acho que a narrativa podia ser bem menor do que é. It também é demasiado grande e poderia muito bem ser cortado, mas quando li não senti o “peso” do número de páginas. Essa coisa sobre religião que você disse é importante e não deve ser gratuita, ele tem um problema com ela(E quem não tem... Pergunte ao Júlio Paumn sobre religião e vai precisar de mais tempo para resolver a questão do que king levou para escrever a Dança da Morte - e a gente para ler.) Se não estou enganado ele era metodista, e não parece ter sido do tipo satisfeito (king, não o Paumn).

    PS. Por causa daquela nossa conversa acabei comprando Mr. X. Estava na livraria do Catuai quinta feira e vi um exemplar dando sopa no estande de promoções, suplicando por um leitor. Assim que terminar O Clã de Reth Butler vou partir para a leitura do Straub. Tem até comentário do king na contra capa.

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  6. Primeiramente Wilson, obrigado por comentar. Eu tenho alguns livros do King publicados pela Francisco Alves, sei desses problemas que você citou. Não sou muito fã de algumas edições da Objetiva também, não sei, em alguns momentos os livros não me chamaram atenção. Quanto ao tamanho de " A Dança da Morte", ao menos na minha leitura achei suficiente. Tem alguns do King que acho o tamanho desnecessário, como " Insônia" e " LOVE", porém em " A Dança da Morte", está ideal, pois tudo se encaixa em cada novo contexto, talvez tenha sido um bom tamanho por eu ter lido nas férias. rs. Eu também tenho problemas com religião, mas não com crenças. Acho que em qualquer sociedade que o homem criar ela será necessária. Bom, obrigado por comentar, e se puder, siga o blog. ;D

    Wilton B.

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  7. Muito bom o post, Wilton.

    Stephen King, mesmo em seus momentos ruins (digamos 'menos bons'), é genial. A Dança da Morte é um dos mais lindões do mestre, mesmo tendo umas fraquezas aqui e acolá. É um verdadeiro épico.

    À espera dos mais recentes dele.

    Victor Ramos

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  8. Valew Jerome por ler e comentar. ;D Acompanhe o Blog. Esperamos agora Sob A Redoma que lança em outubro.

    até.

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