Apesar da demora em escrever essa segunda parte da minha aventura, estou
aqui para isso. Nesse texto vou falar sobre Arequipa e Cuzco. Bora lá?
Retomando as rédeas. Tínhamos parado em Arequipa, a cidade dos vulcões.
Logo quando íamos chegando, de longe
já avistávamos o majestoso " Misti". Conhecido como o
"Senhor", é um dos três vulcões guardiões de Arequipa, e o mais chamativo por seu formato de cone. O
"Misti" tem relatos de cinco erupções no século XIX, sendo a última
em 1870.
Nosso grupo quase completo, e o imponente Misti ao fundo |
Arequipa é segunda maior cidade do Peru. Com seus quase 2 milhões
de habitantes, está localizada no meio de um oásis em um vale de montanhas
desérticas e é uma referência cultural e histórica do país, recebendo turistas
durante todo o ano.
Um fato sobre o Peru: Se prepare para um país diferente. Você
encontrará nas ruas, em um primeiro momento, uma confusão de carros, pedestres
e até mesmo animais, mas que para os peruanos faz muito sentido. O país
preserva muito bem a sua cultura indígena, tanto que muitos dos nativos ainda
falam línguas ancestrais como o quíchua. A cor de pele e os olhos mestiços
também evidenciam essa característica marcante.
Enquanto caminhava por Arequipa e conhecia um pouco mais do povo peruano,
pude perceber que a população é muito acolhedora. Mesmo com o seu tom tímido,
mas que se permite vencer com um sorriso ou um "Gracias", eles fazem
de tudo para nos sentirmos em casa. O país é um dos mais encantadores da
América Latina, justamente por sua
genuinidade, graciosidade e a suas lindas paisagens que vão desde o deserto até
a Amazônia. Machu Piccho é só um bis para os amantes de aventura.
Nas ruas da segunda maior cidade do Peru, você poderá conhecer a gastronomia
e artesanato da população, além da diversidade cultural. O espanhol se mistura
com as línguas indígenas; os peruanos e o seu traje típico e colorido; as fotos
com as lhamas e o famoso "helado de queso" ( sorvete de queijo) são
algumas das atrações da cidade.
Praça de Armas - Arequipa |
Em Arequipa ficamos por dois dias. Nosso albergue era simples. Por sorte o
chuveiro esquentava, às vezes, e não tinha internet.. Ele nos custou 17 reais
pela noite, e a dona foi muito gentil nos permitindo guardar nossas mochilas
enquanto percorríamos.
O albergue em Arequipa |
Na cidade vigiada pelos vulcões, fizemos um tour que nos saiu a bagatela de
R$7,00. O valor correto era R$30,00, porém, como entramos depois e éramos um
grupo de dez, encontramos um homem na rua que nos colocou no ônibus junto a
turistas de vários países, por esse preço.
A peruana oferecia seu pássaro para uma foto, em troca de moedas |
Visitamos a famosa "Plaza de Armas" e a sua magnífica catedral,
além de uma empresa que faz roupa com a pele de Lhamas. O Yanahuara, uma espécie
de charmoso portal que leva inscrito versos de poetas foi meu local favorito. Neste lugar é possível
avistar perfeitamente o vale dos vulcões e uma bela extensão verde de Arequipa.
O tour valeu muito a pena, porém tivemos que deixá-lo na metade, pois precisávamos
partir.
Poesia no Mural |
Os três guardiões e a cidade de Arequipa ficava pra trás, e a famosa Cuzco,
o umbigo do mundo, era nosso próximo destino.
Outro fato sobre a nossa viagem: Sempre procurávamos sair de madrugada
para economizar estadia. Como já mencionei, optávamos sempre pelo mais barato,
portanto os ônibus não eram confortáveis. Muitas pessoas viajavam em pé durante
o percorrido, por sorte, não foi o nosso caso.
Ansiosos, mas cansados, partimos para
a antiga capital do império Inca ainda de noite. Essa viagem ficou marcada na
minha memória, pois além de pouco dormir, aconteceu um fato que me deixou
triste.
O ônibus levava poucas pessoas. Além de nós, cerca de quatro peruanos e dois
alemães que viviam no Peru. A viagem para Cuzco durou oito horas, e
apesar de viajarmos de noite, era possível perceber a péssima condição das
estradas e o frio intenso que fazia lá fora.
Nosso grupo era bem animado. Os chilenos adoram falar e fazer festa,
assim como brasileiros, e em vários momento durante a viagem fizemos brincadeiras,
cantamos e eles contaram piadas. O clima só ficou pesado, quando em uma parada,
o nosso motorista ( que insistiu em colocar um péssimo filme para assistimos )
esqueceu uma das passageiras. A pobre senhora peruana viajava sozinha e desceu
correndo para ir ao banheiro quando o veículo parou em um lugar ermo e isolado da estrada. Eu estava dormindo, mas acordei quando meus
amigos se perguntavam: " Donde está la señora? Que pasó?". Avisamos o
condutor, porém, ele resolveu não voltar para buscá-la, pois " Es muy peligroso volver ahora". Imaginei-me naquela
situação: No meio do nada, no escuro, sem dinheiro, frio e sem saber onde
estava. Não consegui dormir até chegar a Cuzco.
Minha primeira impressão da cidade não foi muito boa. Talvez por
ter sido capital de um império, eu imaginava uma cidade com palácios e ruas
majestosas. Mas Cuzco é apenas mais uma cidade em um primeiro momento.
Localizada no meio de um vale e rodeada de morros, de longe, as casinhas se
parecem até com uma favela, empilhadas umas nas outras no meio das montanhas.
Mas, é só se aproximar para perceber o charme dos becos e construções.
Logo na rodoviária já fomos muito assediados pelos taxistas e donos de
albergues, que chegam a brigar por um cliente. Cada um oferecia um preço e um
benefício que o outro não tinha. O valor diminuía muito, e o que já era barato
ficava até engraçado. No final optamos por uma senhora que nos ofereceu um
valor de R$12,00/pessoa. Ao chegarmos ao local, nos decepcionamos. Teríamos que
compartilhar o quarto com outros estrangeiros, e desde o início nós sempre buscávamos ficar juntos. Resolvemos procurar outro lugar, até que encontramos um
muito bom, pelo preço de R$14,00/pessoa. O " El Artesano", oferecia banho
quente, internet, cozinha além de um porteiro muito simpático que muito nos
ajudou.
Um pouco sobre Cuzco ( ou Cusco ): É uma cidade situada no Vale Sagrado dos
Incas na região da cordilheira dos Andes. A população é de 300 mil habitantes,
e está em uma altitude de 3.400 metros, fato que explica o motivo de nos
cansarmos tão rápido ao caminhar pelas ruas da cidade.
O local era a conhecida capital do Império Inca, pra quem não sabe,
foi uma civilização que envolvia culturas pré-colombianas que existiu de 1.200
até a colonização espanhola. Com mais de 700 línguas e abrangendo regiões de
Chile, Equador, Peru, Bolívia, Argentina e Colômbia, o Império deixou enormes
riquezas arqueológicas e culturais para os países onde existiu.
Caminhar pelas ruas da cidade era um pouco complicado pelo fato do cansaço
ser rápido. Não estamos acostumados com altitude, portanto é bom se prevenir. Os nativos sugerem
mastigar a folha da CoCa, que no Peru é liberada, porém eu não necessitei.
Apenas tomei um comprimido que custa R$5,00 em qualquer farmácia. É só explicar
o motivo que eles sabem qual é.
Durante o dia conhecemos o mercado municipal, no qual tomei um gostoso suco
de laranja. O lugar me deixou um pouco receoso para almoçar, já que a carne
fica bem exposta, e digamos que não é muito higiênico. Almoçamos frango com
batata frita, uma especialidade peruana. Depois que voltamos pro Chile, queríamos
passar longe desse prato de tanto que comemos. As refeições variam de absurdos três
reais até quinze, vinte, depende do lugar.
Comer no Peru exige um pouco de atenção. A comida é ótima, porém para
escolher um restaurante é necessário prestar atenção na forma como eles fazem. Às
vezes compensa pagar um pouco mais e evitar uma indigestão. Um fato curioso é
que em alguns lugares eles servem o suco quente. Quando eu digo quente, é
quente mesmo, fervendo. Segundo uma moradora “é pra espantar o frio”. Vai saber, rs.
A noite em Cuzco é maravilhosa. A agitação noturna dos turistas caminhando pelos
becos históricos da cidade; a música típica misturada com as cores dos
cachecóis e gorros andinos vendidos pelas lojas e calçadas; a população que te
convida a conhecer seu artesanato; e a encantadora "Plaza de Armas" (
toda cidade tem uma por lá ) fazem com que você se apaixone por esse lugar.
Cuzco en la Noche |
Em Cuzco aproveitei também pra comprar vários presentinhos. Os valores são
melhores em Puno, minha outra parada, porém no " umbigo do mundo" encontrei
chaveiros, camisetas, gorrinhos e artigos para presentes. Os valores variam,
mas todos barato. Uma camiseta custava em torno de R$6,00, enquanto um chaveiro
você pagava três por R$4,00. Vale a pena levar uma recordação.
Depois de andarmos, tirarmos muitas fotos e conhecermos bastante dessa
cidade, fomos comprar nossas entradas para Machu Piccho. Antes de tudo, pedimos
informações para a polícia peruana. Eles não nos ajudaram muito, mas foram
simpáticos.
Na praça de Cuzco, onde fica a bela
catedral, é possível encontrar diversas agências que fazem a excursão. Você
deve pesquisar preços e ver o que melhor se encaixa no seu bolso. Nós optamos
por um pacote que incluía transporte, estadia, jantar e café da manhã ( em
Águas Calientes ), guia e a entrada para Machu. Nosso ingresso com tudo
incluso ficou no valor de U$$105,00, em torno de R$230,00. Foi o pacote mais
caro da nossa viagem, mas valeu a pena.
A foto antes da saída pra Machu Piccho |
As visitas à cidade perdida estão restritas a certo número de pessoas por
dia, desde que se descobriu que o local está cedendo a cada ano, devido ao
grande número de visitantes. Machu Piccho foi escolhida como uma das novas sete
maravilhas do mundo moderno, e se transformou em um polo turístico. Negociamos com o dono da agência, agendamos para o outro dia nossa partida e ficamos e faltava nos preparar.
Passagens compradas para Machu Piccho, devíamos descansar e curtir um pouco
mais de Cuzco. Partimos cedo no dia seguinte para a aventura mais esperada de
todas, mas isso fica pro próximo post.
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