Como tem muita coisa para contar do mochilão e eu gostaria de dar detalhes, resolvi dividir os textos em três partes. Na primeira, contar como foi a partida até chegar na cidade de Arequipa. Na segunda parte: Arequipa - Cuzco - Macho Picchu. E na terceira: Puno - Bolívia e o retorno para a casa. Aqui vai a primeira da minha aventura.
Nós partimos para a cidade de Arica na noite do dia 20 de
julho deste ano. Éramos um grupo de dez pessoas, no qual eu era o único
brasileiro. O restante eram chilenos. Nosso bando incluía uma linda criança de
oito anos. O que no principio parecia impossível para ela, foi uma grande
surpresa, pois além de fazer todo o caminho até Macho Picchu bravamente, foi
uma das poucas que não sentiu a força da altitude.
Agora voltando ao nosso roteiro de mochilão. Saímos de
Santiago na madrugada do dia 20 para o dia 21 de Julho.
Arica é uma cidade que faz fronteira com o Peru e ponto de
partida para grupos de mochileiros que pretendem desvendar aquelas terras.
Antigamente a região foi domínio peruano, mas depois da famosa Guerra do
Pacifico passou à administração chilena. Apesar de estar em território do
Chile, você já se sente no Peru, pois a população é mesclada e a forte
influência peruana na cidade é notável.
Arica é uma cidade litorânea e possui um porto, mas, apesar de ser o destino do
nosso avião, não era nossa intenção em um primeiro momento conhecê-la.
Falando em intenções, vou descrever brevemente qual seria
nossa possível rota.
Planejamos pegar um avião de Santiago a Arica, com duração
de três horas. Em Arica teríamos que partir logo no inicio para o Peru, mas
especificamente para a cidade de Tacna. Por sua vez, Tacna não seria um lugar a
se conhecer, já que não oferece muitos pontos turísticos. Nossa intenção era ir
diretamente para a cidade de Puno, que fica como oito horas do local. De Puno
seguir para Cuzco e aí montar nossa rota para Macho Picchu. Depois de Macho
Picchu voltaríamos para Cuzco e depois Puno, mas somente para pegar um ônibus e
irmos para a Bolívia, já que a cidade é fronteiriça. Ufa, quanta coisa, hehe.
Nesse mapa, é possível verificar nossa rota |
Na Bolívia seguiríamos para Copacabana ( não é a praia
carioca ). Lá conheceríamos a Ilha do Sol, para então voltarmos a Puno,
novamente Tacna, e finalizando em Arica. Nosso voo de retorno estava marcado
para o dia 31 de julho. Parece complicado, mas é uma das rotas mais feitas para
quem deseja conhecer Macho Picchu e Ilha do Sol partindo do Chile.
É claro que isso era o nosso planejado, mas uma coisa que
não se deve esquecer quando se faz um mochilão, é: Nem tudo dá certo. Sim,
tivemos que alterar nossa rota e mudar algumas coisas, mas nada que alterasse o
nosso plano original de conhecer Macho Picchu e Bolívia.
Chegamos em Arica as três e meia da manhã. Não existiam ônibus
partindo para o Peru nesse horário, portanto, tivemos que esperar até as 8hrs,
quando tudo começaria a funcionar. Nossa aventura começou nesse momento, quando
decidimos dormir no aeroporto. Colocamos as mochilas no chão, pegamos nossas
mantas e “descansamos” o tempo que a madrugada nos reservara. A opção “pagar um hotel” era impensável, já
que estavamos em regime de economia. Eu não consegui dormir. Apenas fechei os
olhos para enganar o meu corpo. Quando o sol surgiu pegamos um taxi até o
terminal de ônibus de Arica.
Dormir no aeroporto foi um sacrifício pelas economias |
O terminal é um pouco confuso, portanto deve-se tomar
cuidado e colocar bastante atenção. Você tem duas opções. Ou você pega um taxi
que te deixa no Peru por um preço um pouco maior ( Cerca de R$20,00 ) ou você vai de ônibus. Só não
espere conforto, pois os ônibus são simples e às vezes não muito seguros. O
ônibus nos custou R$10,00 por pessoa. Importante é não se esquecer dos
documentos que a aduana pede. Você deve estar com sua identidade ou passaporte
disponível.
Agora descrevendo um pouco da paisagem que a fronteira entre
Chile e Peru proporciona. A região é desértica. Você se sentirá em um filme
naquelas estradas estreitas e aquela paisagem de areia sem fim. Não deixa de ter
seu encanto. O ar também é muito seco.
Estrada. Chegado no Peru |
A viagem de Arica a Tacna dura em torno de 2 horas com a
passagem nas aduanas do Peru e do Chile.
Uma dica muito importante é sobre a língua. O espanhol não é
uma língua tão fácil quanto imaginam os brasileiros. Você pode se enrolar
facilmente. Tente ir pro seu mochilão preparado, nem que for com um dicionário.
O inglês ajuda muito na comunicação com estrangeiros de todo o mundo, mas os
peruanos geralmente não falam inglês. O espanhol deles é um das melhores da
América do Sul, mas como a população tem uma forte influência indígena, boa
parte deles fala o quéchua, que é a antiga língua inca. Alguns falam mais quéchua que espanhol,
então complica um pouco na comunicação, até mesmo pra um hispânico nativo.
Falando em Peru, vou
passar algumas informações sobre o país:
O Vermelho é estandarte inca e o branco a paz - Bandeira do Peru |
O Peru é um país
localizado na América do Sul e tem uma população de 28 milhões de pessoas, que
possuem uma forte influência indígena e europeia. A sua capital é Lima, e entre
as principais cidades estão Arequipa e Cuzco. O Peru se tornou um importante polo
turístico depois da descoberta da lendária cidade inca de Macho Picchu.
Entre a cordilheira
dos Andes e uma densa selva, o norte-americano Hiram Bingham quem, à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e
apresentou ao mundo Machu Picchu em 24 de julho de 1911.
Desde então, o local recebe visitas todos os anos e é considerado patrimonial
mundial pela UNESCO.
Além de ser berço de
uma das mais importantes impérios no mundo, os Incas, o Peru encanta por sua
diversidade e belezas naturais, que vão desde o Deserto de Nazca e as
imponentes montanhas dos Andes até a floresta Amazônica.
Voltando... Chegando em Tacna ficamos um pouco assustados.
Estar em um outro país é respeitar as suas diferenças, o seu povo, e a sua
cultura. O Peru é um lugar bem diferente do que estamos acostumados. O trânsito
tem a sua própria lógica ( caótica seria a palavra para os brasileiros ), e você
encontrará a influência indígena em todos os lados, desde a comida até a
artesania.
Já na fronteira Chile - Peru, apesar do calor do deserto, o vento deixava tudo frio |
Em Tacna fomos logo advertidos por um policial. “ Vocês vão
tomar cuidado para não serem assaltados”. É óbvio que ficamos com mais medo
depois disso. Como éramos um grupo grande, e todos com mochilas e com um tom de
pele diferente da população peruana, éramos facilmente notados como turistas.
A cidade seria nosso ponto de troca de moeda, portanto, tínhamos
que redobrar o cuidado. Cada um de nós trocou cento e cinquenta mil pesos
chilenos ( naquela época eu morava no Chile ), isso foi convertido em 800 soles
( sol é a moeda peruana ). Convertendo na data de hoje ( 04/09/2013) seriam
R$696,00 ou oitocentos e vinte e sete soles. Nosso plano era economizar com
comida e hospedagem, sempre procurando os lugares mais baratos e próximos do
centro.
Trocamos o dinheiro e fomos buscar uma companhia de ônibus
que nos levasse até a cidade de Puno. No terminal, nos sentíamos como carne
fresca. Fomos assediados por todo tipo de vendedor que nos oferecia a cada vez
mais barato a viagem. Nosso plano era Puno, mas fomos convencidos por um
peruano a irmos a Arequipa. “ A viagem até Puno é mais complicada e perigosa.
Compensa vocês irem para Arequipa, que é uma cidade linda, e depois para Cuzco,
Além do mais, sai mais barato.” A viagem nos custou como R$15,000 e teve uma
duração de 7 horas. Resolvemos seguir o conselho do peruanos e ir para
Arequipa.
Paisagens Desérticas na fronteira entre os dois países |
Como já mencionei antes, os ônibus no Peru são um pouco
complicados. É claro que essa visão é comprometida pelo fato de nós sempre
termos escolhido companhias baratas. Nossa opção de Tacna-Arequipa foi a
empresa “Flores”, e de coração eu não a recomendo. O caminho para Arequipa é encantador. Uma beleza que misturava montanhas, selva e deserto. O problema
era o ônibus que não oferecia nem um tipo de segurança e as estradas que também
deixavam muito a desejar. Viajamos por precipícios, subindo montanhas e
descemos. Sem contar o calor que fazia. Não tinha ar condicionado ( é óbvio que
não ), e o sol era arrebatador. Apesar dos pesares e de pensarmos em vários
momentos que não chegaríamos ao nosso destino, Chegamos a Arequipa, a cidade
dos vulcões, e a partir de aqui, eu conto na próxima postagem, pois são muitas
aventuras que seguem.
Uma foto só pra dar um gostinho de Arequipa - A cidade dos vulcões |
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