Demorou um pouco pra eu poder
escrever sobre nossas aventuras nas terras frias do sul do Chile, mas aqui
estou. Talvez fosse pela frustração de não ter conseguido subir o famoso vulcão
Villarrica, que é o charme e também o motivo da cidade ser rota de mochileiros.
Nossa viagem ficou longe de passar como queríamos, mas não totalmente no lado
negativo.
Pra começar a falar um pouco de
Pucón, vamos nos situar. Ela fica ao sul de Santiago, cerca de 780 km da
capital chilena e tem pouco mais de 20 mil habitantes, além de um charme excepcional.
As casas, em estilo alemão, e o clima europeu das ruas são um espetáculo a
parte. A cidade vive totalmente do turismo, e não é complicado encontrar hotel,
albergues e agências de todos os gostos. Eu indico já chegar com
tudo isso planejado, e uma dica importantíssima ( diga-se de passagem nós não a
sigamos), confira o clima antes de confirmar seus dias por lá. Se sua
intenção são atividades radicais ou subir o vulcão, evite dias com chuva ou
muito vento.
Pucón *Internet* |
Um fato a parte, mas que não deve
ser deixado de mencionar é sobre o povo de Pucón. Já estamos acostumados com o jeito
do santiaguino, que como em toda metrópole, é mais agitado e cada um no seu
mundo. No sul as pessoas são mais alegres, mais acolhedoras e sorriem mais. Com
certeza o povo de Pucón é um beneficio a parte.
Nós, (grupo de 5 brasileiros lindos
que estamos juntos nesse intercâmbio no Chile, Eu, Murillo, Cauana, Isabele e
Walquíria ) fomos com a intenção e a coragem de subir o vulcão. Era nosso
grande objetivo e motivação.
Um parênteses na história: Vulcão
Villarrica
Localizado na cordilheira dos Andes e com uma altitude de 2843m é um
dos mais procurados para escalada na América Latina. Este vulcão permanece
coberto por neve durante todo o ano. É também conhecido como Rucapillán,
ou "casa do demônio" na língua
mapuche. Este vulcão, junto com o Quetrupillán e o Lanin encontra-se dentro
de uma área de preservação ambiental conhecida como Parque Nacional Villarrica.
É o mais ativo no Chile e sua última erupção foi em 1984. O alpinismo e a
escalada são consideradas fácil apesar de cansativa, mas não é indicada sem o
acompanhamento de guias.
Topo do Vulcão Villarrica ( Imagem Internet ) |
Voltando as nossas aventuras...
De
Santiago à cidade de Temuco são cerca de 1 hora e 10 minutos em avião. O preço foi $50.000, ou cerca de R$220,00. Mas, pode-se ir
de ônibus em um valor aproximado à R$50,00 e 10 horas de viagem direta pra
Pucón. Chegando em Temuco você deve pegar
um táxi ( sai mais barato que ir de transfer caso você esteja em até 4 pessoas
) até o terminal de ônibus. Já no terminal, você pagará R$12,00 para pegar um ônibus para Pucón.
São mais 2 horas na estrada.
Chegamos à Pucón já com a chuva
nos rodeando. A cidade é extremamente fria, portanto, outra dica é levar muitos
agasalhos. Mesmo que a sua estadia seja no verão ( época de maior turismo na
cidade). Não se esqueças das meias, gorros, luvas e blusas, afinal estamos no
sul.
O lugar onde ficamos era muito
acolhedor e se chama " Hostal Backpacker's". Por um preço de $6.000 ou R$29,00 ao dia p/ pessoa, alugamos um
quarto com cinco camas e um banheiro. As paredes são recheadas de fotos e estímulos
para os turistas, além do hostal ser todo em uma madeira muito forte e ter uma
lareira super quentinha. É interessante ficar em um lugar assim, já que você
poderá conhecer pessoas de todo o mundo.
“ Al tiro” ( expressão chilena
para ‘no exato momento’ ) nos sentamos com o dono, que também tem uma agência,
para fazermos nossa rota pela cidade. O vulcão era a grande dúvida. Naquele mesmo dia ele
tinham subido ao topo do Villarrica, mas as condições climáticas não eram
agradáveis. Os próximos dias prometiam chuva, vento e frio. Ficamos na
apreensão, mas de qualquer forma com o pensamento de curtir a cidade.
Particularmente eu gostei muito
do clima. O tempo frio me chama a atenção, e como em Santiago se chove muito
pouco, sentia falta de umidade.
Uma parte que nos agradou muito
foram os restaurantes. Apaixonamo-nos por um muito bom chamado “Bovinos”, e outro
chamado o "77". Assim como tudo na cidade, os dois são acolhedores e o preço de um
jantar varia de R$30 a R$60 p/ pessoa. Vale a pena.
Enquanto pensávamos na chuva (
que não dava trégua ), fomos conhecer o famoso cassino da cidade. É um tipo de lugar que
nunca me chamou a atenção, mas gostei de conhecê-lo. Nele você pode encontrar
boa parte dos turistas e quem sabe tentar a fortuna. Conseguimos lucrar um
pouquinho, mas creio que foi sorte de principiante. O cassino é bem frequentado
e possui um ótimo barzinho com Karaokê.
No nosso segundo dia nosso tour
percorreu os principais pontos turísticos. O preço do tour por pessoa foi cerca de R$72,00, incluso transporte, guia e a entrada do termas. Uma dica é pechinchar. Não
é uma cultura chilena dar descontos, mas nesse caso conseguimos economizar um
pouco.
Nossa primeira parada foi em uma
pequena e charmosa igreja no alto de um cerro. Uma bela vista da pequena
cidade, e em dias de sol, com vista para o famoso vulcão. Depois percorremos o
Rio Trancura e chegamos quase na fronteira com a Argentina. Me encantei por
essas paisagens. Creio que nesse momento o clima nublado deu um charme
excepcional para a natureza e me maravilhei com as montanhas e a vegetação
dessa parte do Chile.
Passamos também pela reserva
Mapuche, índios que vivem em regiões do Chile e Argentina, e fomos direto para
os “Ojos de Caburgua”. Nessa parte é muito importante estar com um guia, já que
o lugar, apesar de ter um fácil acesso tem algumas armadilhas. As águas cristalinas do
local e a cor azulada é uma beleza de se admirar. Você se encontra dentro da
natureza. Com um pouco de atenção é possível ver milhares de moedas jogadas ao
rio. “ Faça um desejo e jogue uma moeda”. Seria a mesma ideia de uma fonte.
Apesar de um pouco cansados
seguimos viagem para o “Lago de Caburgua”. A chuva, que havia nos ameaçado
durante todo o dia começou a cair, mas mesmo assim conhecemos esse lugar esplendoroso,
onde o presidente do país tem uma casa de verão.
Pra finalizar nossa rota do guia, fomos descansar
no termas “Los Pozones”. As águas quentes, mesmo que brindadas pelos pingos de
chuva, foram um especial convite para um descanso depois das aventuras do dia.
Já no outro dia aproveitamos para
conhecer a cidade e a Praia de Pucón. Mesmo sem a vista do Villarrica, o ambiente
é mágico. Areia vulcânica, água escura, mas limpa e o clima gelado fazem do
lugar inigualável. Creio que aí encontrei meu motivo de conhecer a cidade.
Apesar dos poucos minutos que ficamos no local, pude perceber que estive em um
dos lugares mais lindos que já conheci. Terminamos o dia descansando para o
desafio do dia seguinte, que foi o mais cansativo.
No nosso quarto dia levantamos
cedo apesar da chuva que nos dava vontade de dormir eternamente. Nos juntamos
com um guia e mais duas chilenas e fomos para o Parque Huerquehue, conhecido
pelos seus famosos lagos e lagoas cordilheiranas, sendo os mais conhecidos: Lago Chico,
Lago Verde
e Lago Toro.
O valor de entrada é $2.000, mais ou
menos R$9,00.
A chuva estava mais forte e o
frio acercado a 0º( com sensação pior ). Eu aconselho a ir bem preparado
para essa trilha. Apesar do parque ser conhecido como “auto-guiado”, não
aconselho a ir sem guia, já que no primeiro quilômetro eu já me perderia. A
subida é de cerca de 5Km, e no nosso caso foi super difícil. Enfrentamos a garoa
com finas capas de chuva; a lama que nos ameaçava escorregar a cada 10 passos; e
o frio que fazia tudo parecer mais difícil. Os lagos que ficam no topo do cerro
são maravilhosos, mas nosso esgotamento físico era tão grande que não conseguimos
aproveitar. Acredito eu que em tempos de calor tudo é mais fácil e agradável.
No final andamos 10 km em uma trilha íngreme com lama, chuva e frio. Vale pela
experiência, mas foi cansativo para nós, brasileiros sedentários.
O ponto alto talvez foi descansar
em um refúgio no meio do caminho e acender uma fogueira. Descongelar os dedos
no calor do fogo e secar a roupa. Senti-me em um filme. Chegamos ao albergue muito
cansados e um pouco frustrados.
Parque Huerquehue ( Imagem internet ) |
O nosso último dia passou muito
rápido e acabamos não aproveitando muito bem. Tomamos um chocolate quente e
comemos em mais um dos aconchegantes restaurantes da cidade. Infelizmente o
vulcão ficou para a próxima vez, mas com certeza vale a pena conhecer Pucón,
uma cidade encantadora e receptiva.
Acho que nossa aventura maior foi
à volta pra casa. Quase perdemos o avião. Saímos da cidade do Villarrica às
17:30hrs. Nosso voo estava marcado para as 20:30hrs. Tudo dentro do horário, mas não
contávamos com um enorme congestionamento na entrada de Temuco. Descemos do ônibus no meio da estrada e da chuva. Cansados
e com frio, corremos em busca de um táxi. Faltavam 25 minutos pro nosso avião
sair. Éramos cinco e só encontramos um táxi. As meninas foram primeiro pro
aeroporto, e eu e o Murillo ficamos esperando a volta do carro para irmos também.
Apreensivos e torcendo para que tudo desse certo, chegamos cinco minutos antes do
avião sair, e com aquele alívio de que em fim deu tudo certo.
Viajar é sempre aventura. Seja
nos detalhes ou nos imprevistos que acontecem. O que fica é a experiência para
contar pros filhos, e com certeza, Pucón nos proporcionou tudo isso. Obrigado
sul do Chile.
Wil, nem preciso dizer que morro HORRORES de uma inveja branca e pura desta tua bolsa para o Chile, né? Fico orgulhosa de poder ter sido sua colega de universidade e muito feliz pela sua conquista. Estou adorando teu diário e, por favor, não desista de contar-nos como tem sido os dias no Chile. Animal ler tuas histórias por Pucón e fiquei morrendo de curiosidade pelo Vulcão... Uma pena que não rolou, mas mesmo assim me apaixonei pela cidade; que coisa mais linda e aconchegante *_*
ResponderExcluirBeijo grande e boas energias pra você e os demais. E que as portas (e os céus, é claro rsrs) estejam sempre abertos pra você neste país maravilhoso.
Inté.
Obrigado Rê, eu que fico orgulhoso de ter sido seu colega de universidade. Suas fotos são lindíssimas. Pucón realmente vale a pena conhecer. Um dia ainda volto pra lá pra subir o bendito vulcão, hehe. Pode deixar que não vou parar de escrever. Um beijão pra você.
ResponderExcluirObg por ler e comentar.
Abraços.
Invista nessa história de Diário de borda, bicho... Isso pode até render um livro-reportagem pra faculdade... Pelo sim, ou pelo não, é onde a gente ainda tem a oportunidade de pintar e bordar rsrsrs
ExcluirÉ o que tô fazendo Rê, tenho um monte de texto pra postar. Brigadão mesmo por ler e curtir. ;D
ResponderExcluirWB
Adorei esse texto, fica nítido que escreveu com paixão(e como poderia deixar de ser, estando num lugar lindo desses...). Me lembrou muito o texto que escreveu qdo foi ao show Evanescence... outro relato apaixonante. Sua amiga está certa, não deixe as histórias na gaveta (HD).
ResponderExcluirObrigado Will. Com certeza eu vou continuar escreevendo. Obg por ler e comentar.
ResponderExcluirWilt, adorei o texto e as histórias. Viajei junto, o lugar realmente é lindo.
ResponderExcluirPor favor, continue nos mostrando suas aventuras.
Abraços!